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sábado, 8 de setembro de 2012

a marca da besta


I - Introdução
“Aqui há sabedoria. Aquele que tem entendimento, calcule o número da besta; porque é
o número de um homem, e o seu número é seiscentos e sessenta e seis.”
(Guilyana/Apocalipse 13:18)
O verso acima tem sido motivo de muita controvérsia ao longo dos séculos. Inúmeras
tentativas mirabolantes já foram feitas para explicá-lo, fazendo os cálculos mais variados,
nos mais diversos idiomas (especialmente o latim).
Porém, não devemos nos esquecer que Yochanan (João) era um judeu, e que portanto sua
forma de pensar era completamente semita. Para entendermos corretamente a mensagem
de Yochanan, é preciso interpretar as Escrituras como um judeu do primeiro século.
II - Análise Textual
Na forma semita de interpretação das Escrituras, utilizando o sistema PaRDeS (vide
artigo sobre como interpretar as Escrituras como um judeu), existem 4 formas de
interpretação: P’shat, Remez, Drash e Sod. Utilizaremos aqui todas essas formas para
podermos entender a mensagem de Yochanan.
III - O Contexto: P’shat e Remez
Evidentemente, pelo contexto de Guilyana (Apocalipse), a besta é associada a um reino
cujo domínio se estende por todo o mundo. Isso fica bastante evidente pela autoridade
sobre o comércio, explicitada no verso 15:
“Foi-lhe concedido também dar fôlego à imagem da besta, para que a imagem da besta
falasse, e fizesse que fossem mortos todos os que não adorassem a imagem da
besta.”(Guilyana/Apocalipse 13:15)
Lembrando que a divisão de capítulos foi feita artificialmente muito tempo depois, e que
muitas vezes uma mudança de capítulos não significa uma mudança de assunto, vemos
que o próprio Yochanan esclarece que Reino é esse, o qual aparece em conexão com a
besta e a sua marca:
“Um segundo anjo o seguiu, dizendo: Caiu, caiu a grande Bavel, que a todas as nações
deu a beber do vinho da ira da sua prostituição. Seguiu-os ainda um terceiro anjo,
dizendo com grande voz: Se alguém adorar a besta, e a sua imagem, e receber o sinal na
fronte, ou na mão,” (Guilyana/Apocalipse 14:8-9)
É quase que consenso entre os estudiosos que a referência a Bavel aqui seja uma forma
indireta que Yochanan tinha de indicar Roma. Isso se torna evidente quando lemos o
relato de Guiliyana (Apocalipse) 18:9-21. Lembremos que o texto foi escrito por
Yochanan para um público do primeiro século. Quem é que esse público identificaria
como o centro do poder (18:9-10), do mercantilismo (18:11-13) e da riqueza (18:14-15)?
E quem perseguia os santos, emissários e profetas de Yeshua (18:20)? A resposta é bem
evidente: o Império Romano!
Reparem ainda que existe uma conexão entre a besta e o seu reino, feita através da
palavra prostituição. No Tanach, essa palavra, quando em conexão com um povo/reino
(especialmente as Casas de Israel), é sempre usada como sinônimo do abandono dos
caminhos e da Torá de YHWH, para cair na rebeldia e na desobediência. Em Hoshea
(Oséias), chegamos a ver que é justamente o espírito de prostituição (ie. negação da Tora)
que impede a Efrayim de fazer teshuvá (vide Hoshea 5:4).
Portanto, o reinado de Bavel (Roma) é um reinado de rebeldia para com a Torá de
YHWH. Mas onde entra a conexão com a besta? Rav. Sha’ul (Paulo) identifica a besta
como sendo o “homem que se opõe à Torá" (anomia), que é justamente o que representa
a prostituição:
“Ninguém de modo algum vos engane; porque isto não acontecerá sem que venha
primeiro a apostasia e seja revelado o homem contrário à Torá, o filho da perdição,” (2
Tess. 2:3)
Portanto, a besta e seu reino têm como propósito deturpar a Torá e os desígnios de
YHWH.
Portanto, em uma análise simples do contexto (P’shat) vemos que a marca da besta tem
conexão com Bavel, o qual implicitamente (Remez) se refere a Roma.
IV - A Guematria: Sod
O texto nos diz para calcularmos o número da besta. Isto pressupõe o uso da guematria,
técnica em que números são associados a palavras, visto que o Alef-Beit (alfabeto
hebraico) possui valores numéricos para cada letra. O grande erro da maioria das pessoas
é tentarem fazer o cálculo com base no alfabeto latino, quando claramente Yochanan
(João), como judeu, utilizou a guematria hebraica.
Já vimos anteriormente que a besta é um ‘homem’, e que há uma conexão evidente com
Roma. Ou seja, um romano. Curiosamente, analisemos a palavra ‘Romano’ no hebraico,
à luz da guematria:
Romiti (romano, em hebraico)
Letra Translit. Valor na Guematria Simples
 Reish 200
 Vav 6
 Mem 40
 Yud 10
 Tav 400
 Yud 10
Total: 666
Aqui temos uma conclusão sólida, não baseada em teorias conspiratórias, mas no próprio
contexto de Guilyana, com base na Guematria (Sod)
V - A Dica de Yochanan: Remez e Sod
Yochanan diz que o número da besta é o número do homem. O que significa isso no
pensamento semita? Dentro do Judaísmo, o número 6 é tido como ‘o número do homem’,
e fica bem claro aqui que é essa a alusão que Yochanan faz.
Mas por que número do homem? E o que significa?
- O número 6 é o número do dia em que o homem foi criado
- Ao homem foram apontados 6 milênios antes da Era Messiânica
- O homem trabalha 6 dias, e depois vem o Shabat
Enfim, o ‘número do homem’ representa algo que é mundano, em oposição a algo que é
santo. Tradicionalmente, o número 6 também é associado à palavra hebraica Sheker
(mentira), pois a soma dos algarismos (desconsiderando dezenas) da palavra sheker é ‘6’.
Letra Translit. Guematria do Primeiro Algarismo
 Shin 3
 Kuf 1
 Reish 2
Total: 6
Portanto, o número 6 é associado àquilo que é mundano ou falso – algo que vem do
homem, ao invés de YHWH. Dentro do contexto de Guilyana (Apocalipse), podemos
dizer que se trata de um engano, uma fabricação humana – em oposição à verdade de
YHWH. A repetição trina do número 6 expressa uma ênfase neste fato, mostrando que é
algo que deve ser levado fortemente em consideração.
VI - Examinando o Tanach: Drash
Um fato que é praticamente ignorado é o de que não é apenas em Guilyana (Apocalipse)
que o número 666 aparece. Na realidade, há dois momentos em que ele aparece no
Tanach (Primeiro Testamento). Lamentavelmente, a maioria dos estudos acerca da marca
desconsideram essa informação, quando na realidade ela é essencial. É inegável que
Yochanan (João) tivesse bom conhecimento do Tanach, e soubesse que os leitores de
Guilyana (Apocalipse) também estariam familiarizados com essas duas passagens. Na
realidade, quando Yochanan cita a necessidade de ‘sabedoria’ para o entendimento do
número da besta, faz uma referência à necessidade de se fazer um drash, buscando as
Escrituras para poder entender as próprias Escrituras.
Para fazermos este drash, mantenhamos em mente a informação de que o número da
besta é ‘o número do homem’, e portanto refere-se a uma construção humana/mundana,
algo mentiroso (sheker) e maligno.
A primeira passagem em que encontramos 666 em em Divrei HaYamim Beit (2
Crônicas) 9:13, que diz:
“Ora, o peso do ouro que se trazia cada ano a Shlomo era de seiscentos e sessenta e seis
talentos.”
Ora, é inevitável estabelecer uma relação entre Shlomo e a besta através do número 666.
Mas que relação seria essa? É simples: Quem foi Shlomo? Foi o Filho de David, herdeiro
do trono e rei de Israel.
Portanto, podemos aqui dizer que o número da besta simboliza que a besta alega ser
como Shlomo, ou seja, ser filho de David, herdeiro do trono, e rei de Israel.
Mantenhamos em mente, porém, que se trata de uma mentira maligna, e não algo de fato
e de direito.
A segunda passagem em que encontramos 666 é em Ezra 2:13 que diz:
“Os filhos de Adonikam, seiscentos e sessenta e seis.”
Aqui, podemos estabelecer um drash conectando os filhos de Adonikam com o número
da besta. Mas, qual a conexão? Ora, os filhos/seguidores da besta são como os filhos de
Adonikam. Mas o que significa Adonikam no hebraico? Adonikam significa literalmente
“Meu Senhor se levantou.” Num nível sod de interpretação, podemos dizer que os filhos
da besta alegam que ele é ‘o senhor que se levantou dos mortos.’
VII - Conclusão
Juntando todos esses elementos, que são puramente bíblicos, acerca do número da besta,
temos uma impressionante revelação acerca de sua identidade: trata-se de uma grande
mentira/engano de um homem romano que alega ser filho de David (messias), rei de
Israel, ressuscitado dentre os mortos e cujos seguidores chamam de Senhor. Ou seja, a
besta é uma mentira criada por homens (e inspirada por Satan, evidentemente, pois ele
deu poder à besta para ser adorada), um homem romano que tenta se fazer passar por
Yeshua.
Se juntarmos a isso o fato de que Rav. Sha’ul (Paulo) o chama de ‘homem que se opõe à
Torá’ (anomia), então vemos que a besta é o cristo romano, uma falsa versão antinom
ínia do verdadeiro Messias Yeshua.
A marca da besta é portanto algo que identificará justamente esse personagem. Poderá ser
o seu nome, ou algo que o identifique (como a letra ‘Qui’, símbolo da palavra ‘Cristo’),
ou qualquer coisa do gênero. Esse é o ardil de Satan. A única forma de enganar a
humanidade e fazê-la aceitar tal marca é se a marca for um símbolo do falso salvador
romano.
Pare e reflita por um minuto: Quantas pessoas você conhece que alegremente receberiam
‘a marca de Jesus Cristo’ na sua testa ou mão?

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